Contato Zero

Como Conheci o Grande Amor da Minha Vida — E Não Fui Correspondido

A vida é feita de encontros e desencontros, e o que vou contar aqui é uma história que marcou profundamente a minha alma. Uma história de amor verdadeiro, daqueles que a gente só vive uma vez. Tinha 19 anos quando tudo começou, e apesar de ter se passado tanto tempo, cada detalhe ainda vive muito vivo na minha memória.

Era um dia comum, como qualquer outro. Eu estava indo trabalhar, pegando o mesmo ônibus de sempre, naquele trajeto que eu já conhecia tão bem. Me sentei ao lado de uma amiga que trabalhava comigo no escritório de um grande supermercado da minha cidade. Começamos a conversar e, em meio a uma brincadeira, ouvi uma risada gostosa vindo de trás de mim. Curioso, virei para olhar.

Foi aí que a vi.

Ali, sentada no banco logo atrás, com um sorriso iluminado e uma energia que parecia preencher o ônibus inteiro, estava ela. Vamos chamá-la aqui de Nana. Naquele instante, senti algo que nunca tinha sentido antes. Meu coração acelerou, minhas mãos suaram, e eu soube — mesmo sem nunca ter trocado uma palavra com ela — que algo especial estava acontecendo. Foi amor à primeira vista.

Coincidência (ou destino), ela também estava indo para o mesmo lugar que eu: era o primeiro dia dela trabalhando no mesmo supermercado onde eu já estava há algum tempo. Ela seria degustadora de café. Quando a vi vestindo aquele uniforme simples, mas com o sorriso mais lindo do mundo, meu coração parecia que ia sair pela boca.

Passei os dias seguintes pensando nela 24 horas por dia. Era difícil me concentrar em qualquer coisa. Bastava um momento de distração e lá estava a imagem dela na minha mente. Por sorte, ela também parecia notar minha presença. Trocas de olhares tímidos se tornaram nossa rotina.

Até que um dia, criei coragem. Ela me ofereceu um cafezinho com aquele jeitinho doce dela, e começamos a conversar. Cada palavra dela parecia música. Falamos de tudo e, para minha surpresa, descobri que tínhamos algo em comum: o amor pelo teatro.

Pouco tempo depois, ela me perguntou se eu gostava de teatro. Mal sabia ela que eu já costumava ir sozinho aos espetáculos da cidade. Quando respondi que sim, seus olhos brilharam. Ela me convidou para assistir a uma peça no sábado. Aceitei sem pensar duas vezes. Comprei dois ingressos e combinamos de nos encontrar na porta do teatro.

No sábado, cheguei no horário marcado, mas ela não apareceu. Esperei, esperei… e nada. Decepcionado, entrei assim mesmo — já que estava com os convites na mão. Sentei no meio da plateia e, do nada, uma senhora de uns 55 anos sentou-se ao meu lado esquerdo e começou a gritar, do nada:

“Olha, tome muito cuidado com esse pessoal do teatro, viu? Você pode sofrer muito!”

Ela parecia uma louca desvairada, e apesar do susto, tentei não dar atenção. Logo em seguida, ela foi embora, me deixando intrigado e um pouco desconfortável.

As cortinas do teatro se abriram. E para a minha enorme surpresa: lá estava a Nana, no palco! Ela era uma das atrizes da peça, junto com a melhor amiga dela. Quase não acreditei. Meu coração disparou. Será que era tudo uma surpresa? Fiquei ali, imóvel, assistindo ao espetáculo mais lindo da minha vida.

Quando a peça terminou e os aplausos tomaram conta do teatro, ela desceu correndo do palco, veio até mim, me deu um beijo na boca — o nosso primeiro beijo — e me disse:

“Você gostou? Foi para você!”

Naquele momento, eu soube que estava completamente perdido de amor por ela.

Um Amor Que Durou 20 Anos

Começamos a namorar logo depois. Foi um ano intenso, cheio de descobertas, carinhos, sonhos compartilhados. Ela era doce, cheia de vida, com uma alegria que contagiava qualquer um. Eu a amava com toda a força que um jovem de 19 anos pode amar.

Só que, de repente, sem aviso, ela terminou comigo.

Nenhuma explicação, nenhum motivo. Apenas se afastou e não quis mais falar comigo.

Tentei procurá-la várias vezes. Liguei, escrevi cartas, fui até sua casa… mas ela não quis me receber. Nunca me deu uma chance de entender o que tinha acontecido. Simplesmente desapareceu da minha vida, deixando um vazio enorme no meu peito.

Fiquei devastado.

Caí em uma depressão profunda. Passei anos em tratamentos psicológicos, terapias, trabalhos espirituais. Era uma dor que parecia não ter fim. Um vazio existencial tomou conta de mim por quase 20 anos.

Apesar do tempo, eu não conseguia esquecê-la. A cada novo relacionamento, a cada novo passo na minha vida, era como se ela estivesse ali, em algum lugar do meu coração, ocupando um espaço que ninguém mais conseguia preencher.

As Perguntas Sem Resposta

Durante todos esses anos, o que mais doía era não entender o motivo.

O que eu fiz de errado?
Por que ela foi embora sem sequer se despedir direito?
Por que ela nunca me deu a chance de ao menos conversar?

Essas perguntas ecoavam dentro de mim, noite após noite.
Me perguntei milhares de vezes se eu não era suficiente, se eu tinha falhado em algo. Me culpei, me julguei, me torturei emocionalmente.

Hoje, olhando para trás, entendo que nem sempre a vida nos dá as respostas que queremos. Algumas histórias simplesmente acabam, sem explicação. E por mais doloroso que seja, às vezes a única coisa que podemos fazer é aceitar e seguir em frente.

O Recomeço

Não foi fácil. Foram anos de luta interna, de reconstrução emocional, de buscar entender meu valor, independentemente de ser amado ou não por outra pessoa.

Descobri que o amor verdadeiro que eu tanto procurei nos outros, precisava antes nascer dentro de mim.
Descobri que minha felicidade não podia depender de uma pessoa que escolheu não caminhar ao meu lado.

Aprendi que amar alguém profundamente é lindo — mas mais lindo ainda é amar a si mesmo.

Hoje, com o coração mais em paz, consigo olhar para essa história com carinho. Nana foi, sim, o grande amor da minha vida. E sempre será uma parte importante da minha história. Mas eu não sou mais refém desse amor.

Eu me libertei.

Conclusão

O amor não correspondido nos ensina mais do que qualquer romance feliz.
Nos ensina a sermos fortes, resilientes, compassivos. Nos ensina que a dor não é o fim da estrada, mas um convite para encontrar novos caminhos.

Se você também já viveu um amor assim, saiba: você não está sozinho. E, mesmo que hoje pareça impossível, um dia a ferida vira cicatriz, e a lembrança, em vez de machucar, passa a aquecer o coração.

Amar é um ato de coragem. E, se você amou de verdade, já venceu.

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